Retinoblastoma é o tumor ocular mais comum em idade pediátrica - 20Jan2016
No dia 4 de fevereiro assinala-se o Dia Mundial de Luta contra o Cancro e a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) lembra que o retinoblastoma é um tumor ocular maligno que tem origem nas células imaturas da retina cujo diagnóstico e tratamento atempados são essenciais, sendo mais comum na infância.

“Quando é tratado numa fase em que ainda está confinado ao globo ocular, a taxa de sobrevivência é superior a 95 por cento, mas cai de forma abruta quando o tumor invade estruturas à volta do olho (órbita) ou desenvolve metástases à distância, podendo levar à morte”, explica Guilherme Castela, oftalmologista da SPO.
O diagnóstico atempado deste tipo de tumor também é importante porque pode evitar a necessidade de retirar o olho e permitir que as crianças não percam a visão completamente.
Em 90 por cento dos casos, o tumor manifesta-se antes dos cinco anos, sendo a idade média de diagnóstico os 12 meses, nos casos bilaterais e 24 meses nos unilaterais.
Este tipo de tumor afeta mais frequentemente um olho - unilateral - (75 por cento dos casos), mas também pode ser bilateral e até trilateral, se chegar à região cerebral da glândula pineal. Os retinoblastomas podem ser hereditários (40 por cento dos casos) e, por isso, é importante o estudo genético das famílias, acrescenta Guilherme Castela.
A principal manifestação clínica deste tumor é a leucocória (pupila branca) e ocorre em 60 por cento dos casos. Guilherme Castela explica que “o tumor cresce dentro do olho e apresenta um reflexo branco que se vê pela pupila. Este reflexo também pode aparecer nas fotografias com flash, deixando de aparecer o típico olho vermelho”. Nestes casos chama-se fotoleucocória.
A pesquisa do reflexo vermelho é a forma mais eficaz para diagnosticar precocemente este tumor, acrescenta o especialista, recomendando que seja realizada por todos os pediatras e oftalmologistas. “Todas as crianças devem ser rastreadas desde que nascem e pelo menos até aos cinco anos de idade”, diz Guilherme Castela.
O tratamento do retinoblastoma pode ser sistémico (quimioterapia e radioterapia), mas cada vez mais, com a evolução dos tratamentos, se utilizam tratamentos locais no olho.
A quimioterapia supra-seletiva da artéria oftálmica (QSAO) e a quimioterapia intravítrea (QTiv) são as formas locais de quimioterapia cada vez mais utilizadas. Estes novos tratamentos são realizados em Portugal desde 2015, permitindo que, neste momento, seja possível fazer o tratamento integral destes tumores em Portugal.
No país, registam-se cerca de dez novos casos por ano de retinoblastoma, cuja incidência ronda 1/18 mil crianças. Este tumor representa três por cento de todos os tumores em crianças até aos 15 anos de idade
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