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MAUS TRATOS NA INFÂNCIA E O SISTEMA LÍMBICO - artigo cientifico

MAUS TRATOS NA INFÂNCIA E O SISTEMA LÍMBICO                                               Carla Helena Gräff ¹                       ...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Planejamento


Planejamento

Três etapas:
• Preparação:
Formulação de objetivos
Previsão dos passos para atingir os objetivos
• Acompanhamento:
Após o plano ter sido colocado em ação
Planejamento Educacional
Acompanhamento da ação educativa do professor
Acompanhamento do aprendizado do alunos
• Aperfeiçoamento:
Avaliação do alcance dos objetivos propostos
Proceder com os ajustes necessários
• Baseado no enfoque sistêmico
• Planejamento evita improvisações, garante o alcance
dos objetivos, maior segurança, maior economia de tempo
e energia.
Planejamento
• Níveis de planejamento:
Planejamento educacional: nível mais amplo
Planejamento curricular: no âmbito da escola/universidade
Planejamento de ensino: ação do professor
• Etapas:
• Diagnóstico da realidade:
Necessidades e expectativas dos alunos
Importância e status da disciplina no contexto do curso
Recursos disponíveis
Diagnóstico de Ensino
Definição de objetivos
Determinação de conteúdo
Seleção das estratégias
Seleção dos recursos
Avaliação
• Feedback:
Alterações no curso a partir de feedback dos alunos
Novas leituras
Diálogo com outros professores
Contato com novas experiências educacionais
Diagnóstico de Ensino
Avaliação dos alunos, da programação e da própria
atuação Avaliação.
• Replanejamento
Plano de Ensino-Aprendizagem
1. Disseminar o conhecimento (informações e
idéias atualizadas);
Objetivos da aprendizagem
na Educação Superior
2. Desafiar o estudante a
usar ideias e informações (aplicabilidade);
3. Criar espaços para que o estudante
teste idéias e hipóteses (habilidades
críticas, relação entre ensino e pesquisa);
4. Desafiar o estudante
a gerar idéias e evidências (habilidades
criativas, descoberta da questão certa);
5. Desafiar os estudantes
a planejarem e administrarem sua própria
aprendizagem.
Aprender é
Buscar informações;
Rever a própria experiência;
Adquirir habilidades;
Adaptar-se às mudanças;
Descobrir significados;
Modificar atitudes e
comportamentos.
O que é um Plano de Ensino-Aprendizagem ?
É a organização das decisões
sobre a ação do professor,
visando à aprendizagem.
O que é um Plano de Ensino-Aprendizagem ?
Constitui previsão das atividades
a serem desenvolvidas ao longo
de um ano ou semestre.
Instrumento para identificar a
relação da disciplina com as
disciplinas afins e com o curso
tomado de forma global.

Funções do Plano

Esclarecer a ideia
Firmar a opção
Compreender melhor a realidade
Organizar o processo
Estabelecer a coerência entre a
ideia, o processo e o resultado.

Utilidades do Plano

Se os planos são antecipações
da prática e não exigências
burocráticas, são recursos
para conhecer o que se faz,
para avaliação visando à
melhoria.

Características

É feito antes do curso iniciar;
Não é fechado ou inflexível;
Está dividido em partes;
As partes estão diretamente
relacionadas.
Perguntas que o Professor Deve
Fazer
O que devo ensinar ?
Como poderei ensinar ?
Quais os objetivos do curso ?
Qual o objetivo da disciplina no curso ?
Que objetivos pretendo que os alunos
alcancem ?
Como “diagnosticar” se ocorreu
aprendizagem ?

Plano da Disciplina

Esclarecimentos quanto:
Duração
Objetivos gerais
Conteúdo programático
Procedimentos de ensino
Instrumentos de avaliação
Fatores de influência:
Orientação da universidade/faculdade
Habilidades do professor Recursos disponíveis, etc.
Plano da Disciplina
• O plano da disciplina deve:
• Relacionar-se intimamente com o plano curricular de
modo a garantir coerência com o curso como um todo
• Adaptar-se às necessidades, capacidades e interesses
do aluno
• Ser elaborado a partir de objetivos realistas, levando em
consideração os meios disponíveis para alcançá-los
• Envolver conteúdos que efetivamente constituam meios
para o alcance dos objetivos
• Prever tempo suficiente para garantir a assimilação dos
conteúdos pelos alunos
• Ser suficientemente flexível para possibilitar o
ajustamento a situações que não forma previstas
• Possibilitar a avaliação objetiva de sua eficácia

Modelo de plano de ensino

Não existe um modelo rígido;
Cada IES pode criar seus
modelos;
Deve ter uma sequência
coerente de elementos a serem
considerados no processo de
ensino-aprendizagem.

Partes do Plano

Identificação;
Objetivos: Geral e Específico;
Unidades e Subunidades;
Procedimentos Metodológicos;
Procedimentos de Avaliação;
Referências Bibliográficas:
Básica,


Partes do plano
B – Objetivos Características:
Clareza
Simplicidade
Validade
Operacionalidade
Pode ser avaliado

Objetivos

Constituem a base do planejamento racional do ensino
Incentiva os professores a pensar e planejar em termos
específicos
Fornecem a base racional para a avaliação da
aprendizagem
Auxiliam na escolha das estratégias e recursos de ensino
Informa aos estudantes e demais interessados do que o
curso se propõe a realizar
Auxiliam os alunos a efetuar um estudo seletivo
Proporcionam aos alunos um sistema de feedback
Ajudam a rever os conteúdos mediante a verificação de sua
relevância no contexto do plano de ensino
Objetivo Geral
O que o aluno será capaz de fazer após a conclusão da
disciplina ou do curso.
Objetivo da disciplina.
Objetivos Específicos
Tem caráter intermediário.
Comportamos esperados dos alunos ao final da unidade da
disciplina ou das aulas ministradas.
Podem ser denominados objetivos instrucionais ou
objetivos de aprendizagem.
Verbos que geram múltiplas interpretações

Compreender
Conscientizar
Saber
Aprender
Gostar
Definir
Citar
Identificar
Apontar
Entender
Acreditar
Comparar
Sublinhar
Grifar
Domínios de aprendizagem
Os objetivos de aprendizagem podem ser classificados em três domínios:
Cognitivo
Afetivo
Psicomotor
Domínios de aprendizagem
Domínio Cognitivo:
• A – Memorização: citar, identificar, listar, definir.
• B – Compreensão: ilustrar, exemplificar, traduzir.
• C – Aplicação: aplicar, demonstrar, usar, inferir.
• D – Análise: analisar, distinguir, categorizar, discriminar.
• E – Síntese: resumir, compor, formular, deduzir.
• F – Avaliação: avaliar, criticar, julgar, decidir
Domínio afetivo:
• A – Receptividade: escutar, atender, perceber, aceitar.
• B – Resposta: concordar, acompanhar, responder.
• C – Valorização: reconhecer, apreciar, aceitar.
• D – Organização: organizar, pesar, formar, desenvolver e Discutir.
• E – Caracterização por um valor ou complexo de valores: revisar, mudar, rejeitar e acreditar
Domínios psicomotores:
• Exemplos: saltar, alcançar, tolerar, parar, mergulhar, gesticular.
Partes do plano
C – Conteúdo
Apresentado a partir da organização sequencial das unidades que a compõem e dos objetivos propostos.
Critérios para seleção de conteúdos
• A - Vinculação aos objetivos
• B – Validade/Atualização
• C – Significação
• D – Flexibilidade
• E – Utilidade
• F – Adequação ao nível dos alunos: faixa etária, nível socioeconômico, aspirações
profissionais, hábitos de estudo, conhecimentos anteriores, motivação para estudar a matéria, etc.
G – Adequação ao tempo

Função dos conteúdos

• Um dos itens mais importantes na elaboração dos
planos de ensino
• Antigamente:
• Ponto de partida para o planejamento de ensino
• Distribuir, de acordo com o tempo, os conteúdos do
programa
Atualmente:
• Conteúdo passa a ser encarado como elemento
para concretização dos objetivos
• Conhecimento do grupo de alunos a quem será
apresentada
• Devem ser criteriosamente selecionados
• Devem ser organizados de forma racional
Partes do plano
D – Estratégias de Aprendizagem
Esclarecimentos acerca dos
procedimentos a serem utilizados para
facilitar o processo de aprendizagem
Exemplos: aulas expositivas, seminários,
dramatização, etc.
Partes do plano
E – Procedimentos Metodológicos
São atividades, procedimentos, métodos,
técnicas e modalidades de ensino,
selecionados com o propósito de promover
a aprendizagem.
Partes do plano
F – Estratégias de avaliação
Procedimentos referentes à avaliação para
alcance dos objetivos propostos.
Deve-se considerar o sistema de avaliação
vigente na IES (regimentos internos podem
limitar as formas de avaliação).

Conceitos fundamentais para o Plano de Ensino


Conceitos fundamentais para o Plano de Ensino

O desenvolvimento de uma disciplina, um curso ou um workshop, por parte do professor, requer a utilização de
um plano de ensino (plano de curso). Não há um modelo único para tal finalidade, porém sua organização de informações
segue alguns conceitos essenciais, dos quais são destacados, abaixo.
Soma-se que o plano de ensino permite ao professor estabelecer uma correlação com o Projeto Pedagógico do
Curso ou da Escola, o que permite garantir a coerência e a integração de ações da prática docente, assegurando a
unidade do componente curricular e o estabelecimento de relações com as demais áreas do conhecimento.
Entre as avaliações para a elaboração do plano de ensino, destacam-se:
a) Ter como base o conhecimento da realidade para adequar-se às necessidades e possibilidades dos alunos;
b) Ser flexível e aberto para permitir a participação de todos os interessados e possibilitar ajustes sempre que
necessário;
c) Ser exequível, ou seja, executável em um determinado tempo-duração, adequado ao perfil da turma.
Definição
É um instrumento de trabalho, amplo, genérico e sintético. Serve de marco de referência para as atividades de
ensinoaprendizagem que ocorrerão durante uma disciplina, curso, encontro, workshop entre outros.
IDENTIFICAÇÃO
São informações que garantem a identificação da disciplina, como: nome da disciplina, ano, semestre/período,
curso/turno; departamento, nome do docente responsável, carga horária.
EMENTA
A ementa deve ser discursiva e resumir o conteúdo do componente curricular. Tem por objetivo apresentar os
tópicos essenciais do componente curricular em frases nominais (frases sem verbo). Além disso, a redação deve ser
contínua, e não em tópicos. Devem-se utilizar expressões como: “estudo de....”, “análise de....”, “caracterização de....”,
“estabelecimento de relações entre....”.
OBJETIVOS
Os objetivos traduzem as intenções educativas e as metas definidas, e indicam o que se espera alcançar como
consequência do processo educativo. É importante que os objetivos apresentem coerência com as habilidades,
competências e atitudes descritas no perfil do profissional a ser formado. São estruturados por verbos que dão ideia
ampla, como: compreender, saber, atualizar, valorizar entre outros.
Os objetivos podem ser divididos em: geral e específico. Os primeiros são mais abrangentes, de longo prazo, já os
últimos, são os de curto prazo, relativos à seção de conhecimentos, habilidades intelectuais, atitudes e habilidades
motoras necessárias a uma determinada área temática; descrição das aprendizagens esperadas.
CONHECIMENTO, COMPETÊNCIAS, HABILIDADES E ATITUDES
Conhecimento: É o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o aluno e o objeto a ser conhecido, os
quais são descritos no Conteúdo Programático.
Competências: É a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (ponderação, apreciação, avaliação,
saberes, capacidades, informações etc.) para decidir e tomar decisão para solucionar com pertinência e eficácia uma série
de situações. Celso Antunes (2001) diz que “competências são pedras de amolar as facas das inteligências”. Portanto
aprender não é simplesmente um armazenamento de informações e sim a capacidade de selecioná-las, com
competência, para estruturar e reestruturar sua aplicabilidade e ações.
Habilidades: Referem-se a tudo aquilo que o aluno deve aprender a fazer desenvolvendo suas capacidades intelectuais,
afetivas, psíquicas e motoras.
Atitudes: São comportamentos que o aluno apresenta diferentes daqueles que apresentava antes de passar por essa
disciplina. Por exemplo: curiosidade científica, perseverança em questionamento, responsabilidade quanto à
aprendizagem, consciência crítica frente à realidade, à profissão, aos fatos, acontecimento e teoria, valores que dá ao que
conhece, os sentimentos que experimenta diante de fatos e ideias.
AFINAL, O QUE É COMPETÊNCIA?
Guiomar Namo Mello
(Texto publicado originalmente na “Revista Nova Escola”, março de 2003)
O termo competência está na ordem do dia do debate educacional no Brasil, mas o conceito não é novo. Sempre que dizemos o
que um aluno deve aprender e o que ele deve fazer com o que aprendeu, estamos nos referindo a uma competência. Há muito
tempo, professores perseguem a constituição de competências nos alunos porque é um objetivo do ensino propiciar mudanças
que caracterizem desenvolvimento, seja ele cognitivo, afetivo ou social. Para mais bem compreender o que é competência,
podemos destacar algumas de suas características:
1. Competência é a capacidade de mobilizar conhecimentos, valores e decisões para agir de modo pertinente numa determinada
situação. Portanto, para constatá-la, há que considerar também os conhecimentos e valores que estão na pessoa e nem sempre
podem ser observados. "Se quisermos alunos competentes, teremos de ir além do ensino para memorização de conceitos
abstratos";
2. Competências e habilidades pertencem à mesma família. A diferença entre elas é determinada pelo contexto. Uma habilidade,
num determinado contexto, pode ser uma competência, por envolver outras habilidades mais específicas. Por exemplo: a
competência de resolução de problemas envolve diferentes habilidades — entre elas a de buscar e processar informação. Mas a
habilidade de processar informações, em si, envolve habilidades mais específicas, como leitura de gráficos, cálculos etc. Logo,
dependendo do contexto em que está sendo considerada, a competência pode ser uma habilidade. Ou vice-versa.
3. Para sermos competentes, precisamos dominar conhecimentos. Mas também devemos saber mobilizá-los e aplicá-los de modo
pertinente à situação. Tal decisão significa vontade, escolha e, portanto, valores. E essa é a dimensão ética da competência. Que
também se aprende, que também é aprendida.
4. A capacidade de tomar decisões e a experiência estão estreitamente relacionadas na operação de uma competência. Tomar
uma decisão, muitas vezes, implica certo grau de improvisação, mas uma improvisação orientada pela experiência. Não é por
outro motivo que um piloto treina centenas de horas de vôo antes de ser considerado apto a comandar um Boeing. É essa
experiência que dá ao piloto condições de tomar uma decisão pertinente.
Em resumo: a competência só pode ser constituída na prática. Não é só o saber, mas o saber fazer. Aprende-se fazendo, numa
situação que requeira esse fazer determinado. Esse princípio é crucial para a
educação. Se quisermos desenvolver competências em nossos alunos, teremos de ir além do ensino para memorização de
conceitos abstratos e fora de contexto. É preciso que eles aprendam para que serve o conhecimento, quando e como aplicá-lo.
Isso é competência.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
É o conjunto de temas ou assuntos que são ministrados e estudados durante o desenvolvimento do
curso/disciplinas, em cada componente curricular. É importante destacar que a seleção e organização do conteúdo
programático se dão a partir da definição dos objetivos, da importância científica de cada assunto, articulação com
disciplinas anteriores, articulação com o Projeto Pedagógico.
ESTRATÉGIAS E RECURSOS
São os meios que o professor utiliza para facilitar a aprendizagem e para que os objetivos possam ser alcançados.
Aqui, incluem-se as técnicas de ensino, as dinâmicas de grupo, os diferentes recursos (audiovisuais, físicos, humanos etc).
AVALIAÇÃO
São as formas e os critérios de avaliação adotados pelo professor no processo de ensino e aprendizagem, bem
como permite ao professor avaliar a aprendizagem pelos alunos.
REFERÊNCIAS
Indicam as fontes das quais os estudos serão realizados.
CRONOGRAMA
Define o tempo necessário para o desenvolvimento dos conteúdos e das atividades, bem como no controle do
desenvolvimento do curso/disciplina.

O perfil do professor inovador



O perfil do professor inovador
(Tejada, 1998)
Conhecimento do entorno.
Capacidade de reflexão sobre a prática.
Atitude autocrítica e avaliação
profissional.
Flexibilidade.
Tolerância a incerteza, ao risco e a
insegurança.
O perfil do professor inovador
Capacidade de iniciativa e tomada de
decisões.
Poder-autonomia para intervir.
Trabalho em equipe.
Vontade de auto-aperfeiçoamento.
Compromisso com a ética profissional.
Problemáticas do professor em
relação a prática inovadora
Fatores de primeira ordem:
Escassez de recursos materiais e
deficientes condições de trabalho.
Fragmentação do trabalho do professor.
Problemáticas do professor em
relação a prática inovadora
Fatores de segunda ordem:
Aumento das exigências sobre o professor.
Inibição educativa de outros agentes de socialização.
Muitas informações.
Ruptura do consenso social de educação.
Aumento das contradições do exercício da docência.
Modificação do apoio da sociedade ao sistema
educativo.
Desvalorização social do professor.
Mudança dos conteúdos curriculares.

Breve Panorama Histórico da Educação Brasileira

Breve Panorama Histórico da
Educação Brasileira
Primórdios da Didática:1549 - 1930
Surgimento
A didática surge graças à ação de dois educadores:
Ratiouio (1571-1635)
Comênio (1582-1670)
Didática Magna (1963) de Comênio = “arte de ensinar tudo a todos”
•Os jesuítas foram os principais
educadores de quase todo o período
colonial, atuando, aqui no Brasil, de 1549
e 1759.
•Objetivo: catequese e instrução dos
indígenas e instrução era oferecido à
elite
•Esses erram os alicerces da Pedagogia
Tradicional na vertente religiosa.
•Visão: “visão essencialista de homem,
isto é, o homem constituído por uma
essencial universal e imutável”
•Metodologia: exercício de memória e o
desenvolvimento do raciocínio.
•Por volta de 1870 – expansão cafeeira e da passagem do modelo
agrário-exportador para um urbano-comercial-exportador.
Resultado: movimento cada vez mais independente influência
religiosa.
No campo educacional: suprime-se o ensino religioso nas escolas
públicas, passando o Estado a assumir a laicidade.
• Pareceres de Rui Barbosa (1882) e a Reforma republicana de
Benjamin Constant.
Resultados: visão do homem, não como criação divina, mas aliada à
noção de natureza humana, essencialmente racional.
No campo educacional: ênfase no ensino humanístico de cultura
geral, centrada no professor, que transmite todos os alunos
indistintamente a verdade universal e enciclopédica.
• A Didática é compreendida como um conjunto de regras, visando
assegurar aos futuros professores as orientações necessárias ao
trabalho docente.
• A Pedagogia Tradicionalista leiga refletia nas disciplinas de natureza
pedagógica do currículo das Escolas Normais desde o início de sua
criação, em 1835.
•Inclusão da Didática ocorreu um século depois, em 1934.
A Didática nos Cursos de Formação de Professores a partir de 1930
•Revolução de 30.
•Vargas constitui o Ministério de Educação e Saúde Pública.
•1932 é lançado o Manifesto da Escola Nova, preconizando a reconstrução
social da escola na sociedade urbana e industrial.
•1931 e 1932 – Reforma Francisco Campos: regime universitário e organiza-se
a primeira universidade brasileira. A Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo.
•Decreto-Lei nº 1190/39, a Didática foi instituída como curso e disciplina, com
duração de um ano.
•Alterações na legislação em 1941 – o curso de Didática passa a ser
considerado um caso independente, realizado após o termino do bacharelado
(esquema 3 + 1).
•Em 1937, ao se consolidar no
poder com auxílio de grupos
militares e apoiado pela classe
burguesa, Vargas implanta o
Estado Novo, ditatorial, que
persistiu até 1945.
A Didática, assim concebida,
propiciou a formação de um
novo perfil de professor: o
técnico.
O período de 1945-1960: o predomínio das novas ideias e a Didática
•Importação do capital estrangeiro.
•Resultado: tendência populista e tendência antipopulista.
•1946 – Decreto-Lei nº 9053 desobriga o curso de Didática, e o
esquema de 3 + 1 foi extinto pelo Parecer nº 242/92, Conselho
Federal de Educação.
•1948-1961 – lutas ideológicas em torno da oposição escola
particular e escola pública.
•Novas ideias: ginásio orientado para o trabalho; ginásio
pluricurriculares, ginásios vocacionais.
• O período pós-1964: os descaminhos da Didática. O período
compreendido entre 1960 e 1968 for marcado pela crise da
Pedagogia Nova e articulação da tendência tecnicista, assumida pelo
grupo militar e tecnocrata.
•A partir de 1974, abertura gradual do regime político autoritário,
surgiram estudos empenhados em fazer a crítica da educação
dominante.
A década de 80: momento atual da Didática
•A luta operária ganha força.
Resultado: os professores se empenham para a reconquista do
direito e dever de participarem na definição da política educacional e
na luta pela recuperação da escola pública.
No campo educacional: a educação não está centrada no professor
ou no aluno, mas na questão central da formação do homem.
Década de 80, esboçam-se os primeiros estudos em busca de
alternativas para a Didática, a partir dos pressupostos da Pedagogia
Crítica.
Final do século: A Didática oscila entre diferentes paradigmas “Um
paradigma (ou um conjunto de paradigmas) é aquilo que os
membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma
comunidade científica consiste em homens que partilham um
paradigma”. (KUHN, A estrutura das revoluções científicas).
Atualmente:
a) Percebe-se na educação de todo o país uma releitura de autores
como Freire, da Pedagogia Libertadora, e Freinet, da Pedagogia
Libertária, de Piagetky e Vygot considerados construtivistas, num
tipo de Pedagogia ainda à procura de uma denominação.
b) Novas correntes para educação: desenvolvimento de
competências.
c) O desenvolvimento tecnológico no campo da informação e da
comunicação, passando a exigir dos educadores preparo para a
sua utilização de diferentes mídias.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96
Lei 10.861, de 14/04/2004, cria o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (SINAES).
2004 – Aplicação do primeiro Exame Nacional de Desempenho de
Estudantes (ENADE)
2005 – Programa Universidade para Todos (ProUni).
SITES IMPORTANTES
http://portal.mec.gov.br – portal principal
http://meclegis.mec.gov.br – legislação
www.capes.gov.br – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
www.cnpq.br – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
http://portal.inep.gov.br – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira – Cadastramento de elaboradores e revisores para o ENADE 2011.
www.fapesc.sc.gov.br – Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de SC.

10 NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR


10 NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR
Perrenoud, Philippe (2000) 10 Novas Competências para Ensinar, Artmed.
Competências Competências mais específicas a trabalhar em formação contínua
1. Organizar e dirigir situações
de aprendizagem
i. Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem
ensinados e sua tradução em objectivos de aprendizagem.
ii. Trabalhar a partir das representações dos alunos.
iii. Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.
iv. Construir e planear dispositivos e sequências didácticas.
v. Envolver os alunos em actividades de pesquisa, em projectos de
conhecimento
2. Administrar a progressão
das aprendizagens
i. Conceber e administrar situações- problema ajustadas ao nível e
às possibilidades dos alunos.
ii. Adquirir uma visão longitudinal dos objectivos do ensino.
iii. Estabelecer laços com as teorias subjacentes às actividades de
aprendizagem.
iv. Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de
acordo com uma abordagem formativa.
v. Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de
progressão.
3. Conceber e fazer evoluir os
dispositivos de diferenciação
i. Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma.
ii. Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto.
iii. Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de
grandes dificuldades.
iv. Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples
de ensino mútuo.
4. Envolver os alunos em suas
aprendizagens e em seu trabalho
i. Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o
sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade
de auto-avaliação.
ii. Instituir um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos
de regras e de contratos.
iii. Oferecer actividades opcionais de formação, à la carte.
iv. Favorecer a definição de um projecto pessoal do aluno.
5. Trabalhar em equipa
i. Elaborar um projecto em equipe, representações comuns.
ii. Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões.
iii. Formar e renovar uma equipe pedagógica.
iv. Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e
problemas profissionais.
v. Administrar crises ou conflitos interpessoais.
Reflectir a Educação Competências de Ensino - Perrenoud
Fernando Cadima 2
Competências Competências mais específicas a trabalhar em formação contínua
6. Participar da administração
da escola i. Elaborar, negociar um projecto da instituição.
ii. Administrar os recursos da escola.
iii. Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros.
iv. Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos
alunos.
7. Informar e envolver os pais
i. Dirigir reuniões de informação e de debate.
ii. Fazer entrevistas.
iii. Envolver os pais na construção dos saberes.
8. Utilizar novas tecnologias i. Utilizar editores de texto.
ii. Explorar as potencialidades didácticas dos programas em relação
aos objectivos do ensino.
iii. Comunicar-se à distância por meio da telemática.
iv. Utilizar as ferramentas multimédia no ensino.
9. Enfrentar os deveres e os
dilemas éticos da profissão i. Prevenir a violência na escola e fora dela.
ii. Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e
sociais.
iii. Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina
na escola, às sanções e à apreciação da conduta.
iv. Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em
aula.
v. Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento
de justiça.
10 Administrar sua própria
formação contínua i. Saber explicitar as próprias práticas.
ii. Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa
pessoal de formação contínua.
iii. Negociar um projecto de formação comum com os colegas (equipe,
escola, rede).
iv. Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do,
sistema educativo.
v. Acolher a formação dos colegas e participar dela.
Reflectir a Educação Competências de Ensino - Perrenoud
Fernando Cadima 3
Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
1.1. Conhecer os
conteúdos a
serem ensinados
e sua tradução
em objectivos de
aprendizagem.
- Relacionar os conteúdos com os objectivos e as situações de aprendizagem.
- Dominar os conteúdos com suficiente fluência para construí-los em
situações abertas ou em tarefas complexas.
- Os saberes e os saber-fazer são construídos em situações múltiplas e
complexas, cada uma delas dizendo respeito a vários objectivos/
disciplinas.
- Explorar acontecimentos e interesses dos alunos para favorecer a
apropriação activa e a transferência dos saberes.
- O professor deve saber identificar ‘noções-núcleo’ (Meirieu, 1989) ou
‘competências-chave’ (Perrenoud, 1998) para organizar as aprendizagens,
orientar o trabalho em aula e estabelecer prioridades.
1.2. Trabalhar a
partir das representações
dos
alunos.
- Uma boa pedagogia não ignora o que os alunos pensam e sabem.
- É errado trabalhar a partir das representações dos alunos para a seguir
as desvalorizar.
- Resta trabalhar a partir das concepções dos alunos, dialogar com
eles, fazer com que sejam avaliadas para aproximá-las dos conhecimentos
científicos a serem ensinados.
1.3. Trabalhar a
partir dos erros
e dos obstáculos
à aprendizagem.
- Aprender não é primeiramente memorizar, retocar informação, mas
reestruturar o seu sistema de compreensão do mundo.
- A didáctica das disciplinas interessa-se cada vez mais pelos erros e tenta
compreendê-los, antes de combatê-los.
- Astolfi propõe que se considere o erro como uma ferramenta para
ensinar, um revelador dos mecanismos de pensamento do aluno.
1.4. Construir e
planear dispositivos
e sequências
didácticas
- Uma situação de aprendizagem insere-se num dispositivo e numa
sequência didáctica na qual cada tarefa é uma etapa em progressão.
- o dispositivo depende dos conteúdos, do nível dos alunos, das opções
do professor.
- A competência consiste na busca de um amplo repertório de dispositivos
e de sequências de aprendizagem e na identificação do que eles/as
mobilizam e ensinam.
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem
1.5. Envolver os
alunos em actividades
de pesquisa,
em projectos
de conhecimento
- O mais importante permanece implícito porque uma sequência didáctica
só se desenvolve se os alunos a aceitarem e tiverem realmente vontade
de saber.
- A dinâmica de uma pesquisa é sempre simultaneamente intelectual,
emocional e relacional. Daí o delicado equilíbrio entre a estruturação
didáctica e a dinâmica da turma.
- A competência passa pela arte de comunicar, seduzir, encorajar,
mobilizar, envolvendo-se como pessoa.
Reflectir a Educação Competências de Ensino - Perrenoud
Fernando Cadima 4
Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
2.1.Conceber e
administrar
situaçõesproblema
ajustadas
ao nível e
às possibilidades
dos alunos.
- Características de uma situação-problema:
(i) constituir um obstáculo para a turma.
(ii) estudo de 1 situação concreta, hipóteses.
(iii) 1 verdadeiro enigma para ser resolvido.
(iv) necessidade de usar instrumentos com vista à resolução.
(v) oferecer resistência suficiente.
(vi) situar-se na zona de desenvolvimento proximal (Vygotky).
(vii) antecipação dos resultados precede a busca
(viii) debate científico dentro da classe.
(ix) a validação da solução é feita conjuntamente (não pelo prof).
(x) reexame colectivo do caminho percorrido à consolidação dos procedimentos
para projectos futuros.
2.2. Adquirir
uma visão longitudinal
dos
objectivos do
ensino.
- A massificação e a urbanização generalizaram as classes de um único
nível com prejuízo da visão longitudinal dos objectivos programáticos.
- Felizmente que nem todas as escolas funcionam assim, facilitando a
construção de estratégias de ensino-aprendizagem a longo prazo.
- Não se pode pretender que os alunos alcancem num ano a capacidade
de ler, escrever, reflectir, argumentar, expressar-se pelo desenho ou pela
música, cooperar, realizar projectos.
- Para colmatar esta insuficiência é fundamental o trabalho em equipa
entre os colegas que ensinam vários níveis.
- O verdadeiro desafio é o domínio da totalidade da formação de 1 ciclo
de aprendizagem e, se possível, de todo o ensino básico.
2.3. Estabelecer
laços com as
teorias subjacentes
às actividades
de aprendizagem.
- As actividades de aprendizagem são escolhidas em função de uma ‘teoria’-
científica ou ingénua, pessoal ou partilhada.
- Saber escolher e modular as activ. de aprendizagem é uma competência
essencial, que supõe um bom conhecimento dos mecanismos gerais do
desenvolvimento e da aprendizagem, não isoladamente, mas em cooperação
com os colegas.
2.4. Observar e
avaliar os alunos
em situações de
aprendizagem,
de acordo com
uma abordagem
formativa.
- Nada substitui a observação dos alunos no trabalho, quando se quer
conhecer as suas competências.
- A primeira intenção é formativa e deve contribuir para levar o aluno a
aprender melhor e a ter uma melhor percepção do seu trabalho.
- O prof. deve: estimular a auto-avaliação, a avaliação mútua, a metocognição,
ter uma percepção da classe para (re)orientar o ensino.
2. Administrar a progressão das aprendizagens
2.5. Fazer
balanços periódicos
de competências
e tomar
decisões de progressão.
- Convicção preliminar de que cada aluno é capaz de alcançar os objectivos
mínimos.
- Operacionalização de várias formas de trabalho e de regulação do percurso
individual de cada aluno.
- Saber constantemente onde se encontra cada aluno e regular o seu percurso
de acordo com isso.
Reflectir a Educação Competências de Ensino - Perrenoud
Fernando Cadima 5
Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
3.1. Administrar
a heterogeneidade
no âmbito de uma
turma
- Mesmo a turmas organizadas em torno de alunos da mesma idade, não
são verdadeiramente homogéneas devido às disparidades nos seus
diferentes níveis de desenvolvimento.
- Quando o professor assume a heterogeneidade, a primeira tentação é
a da formação de grupos homogéneos. Mas esta é uma solução a que
só se deve recorrer pontualmente, devendo ser prioridade recair no
trabalho com grupos-heterogéneos.
- O importante, numa pedagogia diferenciada, é criar dispositivos múltiplos,
não baseando tudo na intervenção do professor.
- Para isso, pode optar por: (i) utilizar planos semanais. (ii) propor
tarefas autocorrectivas. (iii) utilizar software interactivo. (iv) organizar
o espaço de aula em oficinas, entre as quais os alunos circulam.
3.2. Abrir,
ampliar a gestão
de aula para um
espaço mais vasto.
- Utilizando apenas as 4 paredes da sala de aula, poucos professores
poderão fazer milagres. Não é possível encontrar aqui e ali um novo
Freinet e inventar sozinho uma pedagogia diferenciada, activa,
cooperativa e adequada aos seus alunos.
- Parece mais sensato convidar os professores a juntar as suas forças, a
nível local, para conceber a diferenciação a várias escalas (turmas/
anos) - organizar a aprendizagem em ciclos de actividade, conceber
espaços de formação (tempo, recursos, forças, imaginação) que
reagrupem a aprendizagem dos alunos.
- As equipas pedagógicas que se lançam neste desafio, começam por
gastar o seu tempo com problemas de organização e a aprender a
negociação e a cooperação, reencontrando pontos de referência e
fazendo recair as suas decisões na definição de estratégias de ensinoaprendizagem
que vão ao encontro dos problemas dos alunos.
3.3. Fornecer
apoio integrado,
trabalhar com
alunos portadores
de grandes dificuldades.
- O desempenho dos professores de apoio experientes traduz-se:
(i) saber observar a criança na situação
(ii) dominar o procedimento clínico (observar, agir, corrigir)
(iii) saber construir situações didácticas a partir do aluno
(iv) saber negociar/explicitar um contrato pedagógico
(v) praticar uma abordagem sistémica (comunicação, conflito, paradoxo,
rejeição, não se sentir ameaçado à menor disfunção)
(vi) estar consciente dos riscos que se corre e faz correr numa situação
de atendimento
(vii)ter domínio dos aspectos afectivos e relacionais
(viii) saber levar em conta a diferença e o ritmo do aluno
(ix) ter boas bases de psicologia social e reflectir sobre a acção
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação
3.4. Desenvolver
a cooperação
entre os alunos e
certas formas
simples de ensino
mútuo
- Os alunos podem formar-se mutuamente sem que um deles assuma
o papel de professor, basta envolvê-los numa tarefa cooperativa.
- Não se aprende sozinho. O verdadeiro desafio é inventar tarefas que
imponham uma verdadeira cooperação.
- Toda a pedagogia diferenciada exige a cooperação activa dos alunos -
implantar instituições internas, aprender a democracia e a regular o
trabalho colectivo.
Reflectir a Educação Competências de Ensino - Perrenoud
Fernando Cadima 6
Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
4.1. Suscitar o
desejo de
aprender, explicitar
a relação
com o saber, o
sentido do trabalho
escolar e
desenvolver na
criança a capacidade
de autoavaliação.
- Na realidade, o desejo de saber e a decisão de aprender, pareceram,
por muito tempo, factores fora do alcance da acção pedagógica: se estivessem
presentes pareceria possível ensinar, se não o estivessem
nenhuma aprendizagem pareceria possível.
- Aprender exige tempo, esforços, emoções dolorosas, angústia do fracasso,
medo do julgamento de terceiros.
- O professor deve saber aplicar estratégias que intensifiquem o desejo
de aprender.
- Antes do ingresso na cultura escrita, já muitas crianças oriundas de
meios favorecidos apresentam esta vontade. Este trabalho terá de ser
realizado pelo professor com as outras (como poderia a criança desejar o
domínio de uma coisa que mal imagina que existe?).
4.2. Instituir
um conselho de
alunos e negociar
com eles
diversos tipos de
regras e de contratos.
- O conselho de classe, inventado por Freinet, é muitas vezes reduzido a
um lugar de resolução de desvios e conflitos. O trabalho, os saberes e
a aprendizagem não devem ser expulsos deste concelho, porque os problemas
podem ser causados pelo tédio e pela falta de sentido do trabalho
escolar.
- Como forma de aperfeiçoar o contrato pedagógico, porque não instituir
os ‘direitos do aprendiz’: (1) não estar sempre atento, (2) ao seu foro
íntimo, (3) a só aprender o que tem sentido, (4) a se movimentar…
- Os poderes do grupo-turma são consideráveis e podem desempenhar um
papel importante de mediação: a relação com o saber pode ser redefinida
na turma, supondo da parte do professor, a vontade e a capacidade
de escutar os alunos e de ajudá-los a formular o seu pensamento.
4.3. Oferecer
actividades
opcionais de
formação.
.
- Não é uma actividade menor. Qualquer um é capaz de propor actividades
equivalentes em certos momentos: o tema de um texto ou desenho, a
escolha de um poema ou canção.
- Geralmente, os professores subestimam a importância dessas escolhas
dos alunos, apenas o fazem nas disciplinas secundárias ou só aceitam
as propostas se eles próprios dominarem todas as suas implicações.
- No entanto, o sentido de uma actividade, para qualquer um, depende
muito do seu carácter escolhido ou não escolhido. Quando a escolha é
rígida aumenta o cansaço, o stress, a insatisfação e a ausência de sentido.
- A escolha pode ajudar à diversificação.
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho
4.4. Favorecer
a definição de
um projecto
pessoal do aluno.
- Face à realidade, a emergência de um projecto pessoal do aluno (PPA)
parece uma espécie de fraude, porque aos alunos com um PPA a escola
quase não oferece encorajamentos.
- A primeira faceta desta competência consiste em identificar os PPA’s ,
sobre as diferentes formas, valorizá-los e reforçá-los.
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Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
5.1. Elaborar um
projecto em
equipe, representações
comuns.
- A escola caminha para a cooperação profissional:
(i) os professores, os psicólogos e as equipas de apoio,
(ii) a emergência no 1º ciclo de papéis específicos (APA, coordenação de
projectos, intervenção de professores especialistas),
(iii) partilha de recursos, partilha de ideias, partilha de alunos.
- Se todos se protegerem e só oferecerem uma ideia lisa, as trocas permanecerão
vazias. Serão sempre os mesmos a falar, os mesmos a
ouvir, alguns sentir-se-ão julgados e desacreditados.
- Logo os professores devem saber trabalhar eficazmente em equipa: (i)
assumindo os seus medos, perdas de autonomia, territórios a proteger.
(ii) fazendo a transição da pseudo-equipa para a verdadeira
equipa, (ii) discernindo os problemas que requerem cooperação e
criando o espírito de uma cultura de cooperação.
5.2. Dirigir um
grupo de trabalho,
conduzir reuniões.
- Todos os membros de um grupo são colectivamente responsáveis
pelo seu funcionamento: respeito pelos horários, por chegar a conclusões,
por dividir tarefas, combinar os próximos encontros, a avaliação
e a regulação do funcionamento.
- É sensato delegar-se um condutor do grupo para conduzir as reuniões e
evitar: (i) todos a falar ao mesmo tempo, (ii) mudar/saltar de assunto,
(iii) alguém de monopolizar o debate e outros não falarem ou expressarem
as suas ideias, (iv) posições categóricas. (v) atrasos e abandonos
da sessão a meios.
- No entanto, qdo alguém toma as rédeas pode ser alvo de sarcasmos ‘sim
chefe!’. «É preciso ser ingénuo ou um tanto kamikase para desempenhar
esse papel no meio docente.
5.3. Formar e
renovar uma
equipe pedagógica.
- A iniciativa para formar uma equipa pode resultar: (i) do desejo de
colaboração entre 2 ou mais pessoas. (ii) de uma decisão dos órgãos de
gestão para fazer face a um problema interno/externo. (iii) da união para
fazer frente a uma ameaça ou conflito. (iv) da subdivisão em núcleos
mais pequenos de um projecto do estabelecimento. (v) da iniciativa ou
desejo de inovação de alguns professores que tentam mobilizar os seus
colegas.
5.4. Enfrentar e
analisar em conjunto
situações
complexas, práticas
e problemas
profissionais
- Uma equipa perde o vigor se não conseguir ‘trabalhar sobre o trabalho’.
- O verdadeiro trabalho de equipa começa quando os seus membros se
afastam do ‘muro de lamentações’ para agir, utilizando toda a sua autonomia
e capacidade de acção.
5. Trabalhar em equipa
5.5. Administrar
crises ou conflitos
interpessoais
- É preciso abandonar a ilusão dos discursos sobre a paz e harmonia. O
conflito faz parte da vida e é a expressão da capacidade de recusar e de
divergir que faz parte da nossa autonomia.
- Uma sociedade sem conflitos seria uma ‘sociedade de ovelhas’ ou uma
sociedade onde ninguém pensa. Porquê dramatizar inutilmente as oposições
(jogos relacionais, de poder, de acerto de contas)?
- Coloquemos o conflito como componente da acção colectiva e questionemo-
nos sobre a forma como poderemos utilizá-lo de maneira mais
construtiva que destrutiva.
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Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
6.1. Elaborar,
negociar um projecto
da instituição.
- As ‘costuras’ dos sistemas educativos desmancham-se por mil razões,
mas principalmente porque o seu sistema de gestão permanece arcaico,
burocrático, mais baseado na desconfiança do que na confiança, na
liberdade clandestina do que na autonomia assumida, na ficção do
respeito escrupuloso dos textos do que na delegação de poderes, na
aparência do controlo do que na transparência das escolhas e delas
prestar conta.
- Será necessário que antes de se formar os professores para participar na
escola, se deva esperar para que essa evolução ocorra plenamente nas
mentes, nos textos legislativos ou modelos de trabalho? Não! A mudança
começa com a adesão progressiva a novos modelos e com a construção
progressiva dos saberes e das competências capazes de os pôr
em prática.
- Não há pior adversário da mudança do que esta constatação que os
cépticos gostam de sussurrar: «isso não vai funcionar», «eles não são
capazes».
- Deseja-se que o projecto da instituição estimule a colaboração daqueles
que aspiram abertamente a uma verdadeira autonomia profissional.
- Favorecer a sobrevivência de um projecto exige competências fora
do comum dos intervenientes: (i) perceber a ambiguidade, a tensão, a
realidade e os limites da autonomia, mantendo o equilíbrio e o sentido
crítico; (ii) construir uma estratégia colectiva.
6.2. Administrar
os recursos da
escola.
.
- Pode parecer simples, mas compromete a responsabilidade individual e
colectiva dos professores na gestão racional dos equipamentos/
recursos, tendo em conta o orçamento disponível.
- É fundamental que todos participem na repartição equitativa dos recursos
e na definição das prioridades (aquisição e utilização).
6.3. Coordenar,
dirigir uma escola
com todos os
seus parceiros.
- O papel do presidente do CE será o de facilitar a cooperação entre os
diversos profissionais.
- Muitos professores trabalham sozinhos ou com um ou dois colegas mais
próximos, mas um mínimo de coordenação é necessária para: a interpretação
do programa e da avaliação, o funcionamento do grupo/classe,
o tratamento de alguns casos, uma certa coesão da relação com os alunos
e os pais, partilhar recursos, etc.
6. Participar na Administração da Escola
6.4. Organizar e
fazer evoluir, no
âmbito da escola,
a participação
dos alunos.
- A participação dos alunos justifica-se por um duplo ponto de vista: o
direito a participar nas decisões que lhe dizem respeito e porque isso
constitui uma forma de educação para a cidadania.
- A turma é o primeiro lugar de participação democrática e de educação
para a cidadania.
- É nela que se enfrenta a contradição entre o desejo de emancipar os
alunos e a tentação de moldá-los.
- A pedagogia de Freinet oferece procedimentos concretos para conciliar
esta prática e para construir instituições internas.
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Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
7.1. Dirigir reuniões
de informação
e de debate.
- Os pais que assistem a uma ‘reunião de pais’ sabem, ou descobrem, que
este não é o momento apropriado para resolver os casos particulares.
Mas, quando a situação do seu filho realmente os preocupa, podem ficar
tentados a falar disso no meio de um problema geral: trabalhos de casa
excessivos/insuficientes, disciplina/indisciplina, avaliação muito rigorosa/
generosa, etc.
- O professor terá que adquirir a capacidade de descodificar, em declarações
aparentemente gerais, preocupações pessoais e tratá-las como tal.
- Terá de adquirir a competência de não marcar reuniões gerais quando
os pais têm preocupações particulares.
- Uma das competências maiores é distinguir com clareza a sua autonomia
profissional, a política educativa, os programas, as normas e as
orientações da instituição. Dissociar-se totalmente da instituição que o
emprega é tão desastroso quanto assumir categoricamente todos os
diplomas legais.
7.2. Fazer entrevistas.
.
- A entrevista deve ser preparada, definidos os seus objectivos, modo da
iniciar e de deixar os interlocutores à vontade.
- Convocar os pais autoritariamente e tratá-los como acusados no tribunal
não permite instaurar um diálogo de igual para igual.
- Alguns professores cultivam uma tal assimetria na relação que pode
levar os pais a se sentirem tratados como alunos.
- A competência maior é saber situar-se claramente: partilhando responsabilidades,
inquietações, mobilizando-os e utilizando um tom
cortês.
7.3. Envolver os
pais na construção
dos saberes.
- Não se limita a convidá-los a desempenhar o seu papel de controlo do
trabalho escolar do seu educando, a mobilizá-los para a dinamização
de oficinas, apresentar a sua profissão ou uma paixão, mas também
envolver os pais na construção dos saberes i.e. conseguir a sua adesão à
pedagogia do professor.
- Se quisermos a democratização do ensino, só nos resta defender uma
pedagogia activa e diferenciada, explicando-a aos pais e tentando conquistar
os mais renitentes.
7. Informar e Envolver os Pais
7.4. Enrolar - Nas relações com os pais devem ser evitadas algumas tentações: (i)
negar factos; (ii) insistir no seu carácter excepcional; (iii) admitir que
há pessoas indesejáveis na turma; (iv) distanciar-se dos colegas; (v)
invocar falta de autoridade do EE; (vi) afirmar que o interlocutor não é
representativo; (vii) referir as dificuldades das condições de trabalho
ou de funcionamento, (viii) lembrar o respeito aos territórios, etc.
- Saber informar e envolver os pais é ser capaz de utilizar apenas excepcionalmente
este tipo de argumentos. É assumir a incerteza e o conflito
e aceitar a necessidade de instâncias de regulação.
- A parceria é uma construção permanente, onde tudo correrá melhor
se os professores aceitarem tomar a iniciativa, sem monopolizar a discussão,
dando provas de serenidade.
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Fernando Cadima 10
Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
8.1. Utilizar editores
de texto.
- A escola não pode ignorar as novas tecnologias de informação e da
comunicação (TIC), que transformam espectacularmente as nossas
maneiras de comunicar, de trabalhar, de decidir e de pensar.
- Tradicionalmente, o ensino baseia-se em documentos. Um professor
pouco criativo contentar-se-á com a utilização do manual escolar.
- Através das TIC, professores e alunos terão acesso a todos os mapas
imagináveis (políticos, físicos, económicos, demográficos), com possibilidades
ilimitadas de mudança de escala, de passagem a textos explicativos,
animações ou até mesmo a imagens directas via satélite.
- A transferência do impresso para o suporte digital supõe que o professor
construa a capacidade de saber o que está disponível, de mover-se nesse
mundo e de fazer escolhas.
- É possível escolher e apresentar documentos, adaptá-los, enriquecêlos
com imagens ou outras fontes.
8.2. Explorar as
potencialidades
didácticas dos
programas em
relação aos objectivos
de ensino
- Podemos fazer uso didáctico de 2 tipos de software: os programas que
são feitos para o ensino e os que não o sendo podem ser explorados
para fins didácticos.
- O Ensino ou a Aprendizagem Assistida por computador (EA ou AA)
contam-se entre os primeiros. A sua evolução tem recaído no modo de
formulação das perguntas e das respostas, na sua animação e aspecto
gráfico, na sofisticação crescente dos programas de modo a analisar as
respostas e a gerir as progressões.
- Os processadores de texto, as folhas de cálculo, os programas de processamento
de imagem fazem parte dos segundos. O papel do professor
consistirá na selecção dos programas que lhe parecem mais adequados
para facilitar o trabalho, o aprofundamento e o domínio da matéria
pelo aluno.
8.3. Comunicar
à distância por email.
.
- Há alguns anos pareceria ficção científica. Hoje, uma turma pode trocar
correspondência, várias vezes ao dia, com a turma da sala do lado
ou do outro lado do Atlântico.
- Escreve-se a mensagem de algumas linhas ou de algumas páginas,
pouco importa, junta-se ou não documentos mais volumosos (textos,
imagens , sons) e envia-se seleccionando-se a morada no livro de endereços.
- A distância está igualmente esbatida na consulta de sites temáticos, na
consulta de bases de dados ou do horário de uma instituição.
8. Utilizar novas Tecnologias
8.4. Utilizar as
ferramentas multimédia
no ensino
- Cada vez mais os CD-ROMs e os sites multimédia farão uma séria
concorrência aos professores, se estes não quiserem ou não souberem
utilizá-los para enriquecer o seu próprio ensino.
- A competência do professor consistirá em utilizar os instrumentos
multimédia já disponíveis e, talvez em desenvolver nesse domínio
curiosidade e abertura.
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Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
9.1. Prevenir a
violência na Escola
e fora dela.
- A violência, a brutalidade, os preconceitos, as desigualdades, as discriminações
existem , a televisão exibe isso todos os dias. Não se pode
pedir à escola que seja aberta à vida e fazer crer que todos os adultos
aderem às virtudes cívicas e intelectuais que ela defende.
- Agora, os adolescentes têm as condições propícias para ironizar as
palavras idealistas dos seus professores e dos seus pais.
- Quando se projectou o filme «Sementes de Violência», nos anos 60,
pensava-se que isso só acontecia nos guetos americanos, com adolescentes
abandonados à sua própria sorte. Hoje, todos os países desenvolvidos
sabem que não é assim (desemprego, droga, álcool, tédio).
- É por isso que lutar contra a violência na escola é, antes de mais nada,
falar, elaborar uma significação colectiva dos actos de violência que
nos circundam e reinventar regras e princípios de civilização.
9.2. Lutar contra
os preconceitos
e as discriminações
sexuais,
étnicas e sociais
- Não basta ser individualmente contra os preconceitos e as discriminações,
é necessário sê-lo também socialmente.
- Os valores e o comprometimento pessoal do professor são decisivos
para os alunos irem vencendo preconceitos e se tornarem mais tolerantes
para com a diferença.
9.3. Participar
da criação de
regras da vida
comum referentes
à disciplina na
escola, às sanções
e à apreciação da
conduta.
- É importante negociar as regras com os alunos. Mas o professor
aberto a negociações não abandona o seu papel de adulto e de mestre e
não instaura a autogestão, antes, procura constantemente:
- Que a turma assuma de maneira responsável a definição das regras
e a sua aplicação;
- Mas quando a turma não o faz, assume ele inteiramente essa responsabilidade
em favor do respeito pelas regras.
- A competência fundamental do professor é saber viver na ambiguidade
de ser partidário do acordo mas, ao mais pequeno sinal de alarme,
assumir o seu papel de responsável/autoridade.
9. Enfrentar os Deveres e os Dilemas Éticos da Profissão
9.4. Analisar a
relação pedagógica,
a autoridade e
a comunicação
em aula
- Sedução, chantagem afectiva, sadismo, amor e ódio, gosto pelo
poder, medos e angústias jamais estarão ausentes da relação pedagógica.
- A primeira competência do professor é aceitar essa complexidade e
reconhecer os implícitos do ofício. Não pode renunciar inteiramente à
sedução, à atracção e a uma certa forma de manipulação. Necessita
desses recursos para fazer o seu trabalho.
- A sua competência é saber o que faz, o que supõe um trabalho regular
de desenvolvimento pessoal e de análise das práticas.
- O professor deve dominar as ‘técnicas de justiça’, o que supõe uma
explicitação dos direitos e dos deveres, de alunos e professores, e um
esclarecimento dos procedimentos de justiça na turma e na escola.
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Competências mais
específicas
Sugestões/Indicações
10.1. Saber
explicitar as próprias
práticas.
- Trata-se de uma competência vital porque ela condiciona a actualização
e o desenvolvimento de todas as outras. Nada pode ser adquirido
por ‘simples inércia’ e a ‘liberdade só se gasta se não for usada.
- As práticas pedagógicas mudaram profundamente ao longo das últimas
décadas: (i) são baseadas em objectivos de nível taxonómico mais elevado;
(ii) visam mais as competências; (iii) recorrem a métodos mais
activos; (iv) deixam mais liberdade e manifestam maior respeito pelo
aluno; (v) concebem o ensino como a organização de situações de
aprendizagem, ao invés de lições; (vi) concedem mais espaço às tarefas
abertas, situações-problema e trabalho de projecto; (vii) valorizam a
cooperação dos alunos; (viii) tendem a romper o grupo-turma como
única estrutura de trabalho; (ix) são mais sensíveis à pluralidade de
culturas; (x) estão mais dependentes da TIC e usam-nas mais; (xi) dão
mais espaço à acção, observação e experimentação; (xii) são socialmente
menos valorizadas e menos protegidas das críticas; etc.
- Saber explicitar as suas práticas é a base de uma autoformação: (i) é
aprender, é mudar a partir de diversos procedimentos; (ii) entre eles, a
leitura, a experimentação, a inovação, o trabalho em equipa, a reflexão
ou a simples discussão com os colegas.
10.2. Estabelecer
o seu próprio
balanço de competências
e o seu
programa de formação
- Podemos passar a vida a reflectir sobre as questões da avaliação, sem
que com isso se descubra o principio básico da avaliação formativa. Para
ultrapassar o limite é necessário um salto qualitativo que passa pela
construção de novos meios de acção pedagógica.
- A lucidez profissional consiste em saber quando se pode progredir
através dos meios que a situação oferece ou a partir de meios externos.
10.3. Negociar
um projecto de
formação comum
com os colegas
(equipa, escola,
rede)
- Quando há um colectivo forte ao nível da instituição é relativamente
fácil definir as necessidades de formação com um projecto comum.
Infelizmente tais condições estão longe de ser preenchidas em toda a
parte; Em muitos estabelecimentos a cooperação profissional é incipiente.
- É necessário que alguém tome a iniciativa e convença os seus colegas
da importância da formulação de um projecto comum.
10.4. Envolverse
em tarefas
numa escala mais
ampla ou ao nível
do Sistema Educativo
- As competências exigidas a nível local, regional ou nacional são sensivelmente
as mesmas.
- Envolver-se em tarefas numa escala mais ampla é uma via para a formação
contínua muito mais fecunda, pq impõe uma visão mais sistémica
e a tomada de consciência das diversas práticas, dos recursos e
da organização.
10. Administrar a Sua Própria Formação Contínua
10.5. Acolher a
formação dos
colegas e participar
dela
- Quando se pergunta aos professores se querem receber estagiários, isso
pode ser visto como uma oportunidade de renovação.
- Mas é preciso atingir um certo nível de especialização para pretender
formar outrem, pq compartilhar saberes e criar experiências
formadoras impele a explicitar, organizar e aprofundar o que se
sabe.
- Ou seja, obriga a reflectir sobre aquilo em que se acredita dominar, a
avaliar a parcela do implícito , de incerteza e de confusão, a identificar
saberes ultrapassados, frágeis ou abandonados.

O PROCEDER EM SALA DE AULA: DIDÁTICA, METODOLOGIA DIDÁTICA, MÉTODO OU TÉCNICA DE ENSINO?

O PROCEDER EM SALA DE AULA: DIDÁTICA, METODOLOGIA DIDÁTICA,
MÉTODO OU TÉCNICA DE ENSINO?
Introdução
Uma das maiores inquietações de quem se aventura a enveredar pelos
caminhos da docência está relacionada com a forma como se vai arquitetar,
planejar e executar procedimentos para a ministração de conteúdos
curriculares. Mesmo profissionais da educação que já tenham em seu currículo
uma bagagem considerável sobre o que fazer, ainda titubeiam quando se trata
de definir e tipificar o que seja Didática, Metodologia, Métodos ou Técnicas de
Ensino.
Em uma ótica menos aprofundada, esses termos se confundem, e isso
pode ser facilmente verificado com um simples questionamento sobre seus
aspectos conceituais, como inúmeras vezes se processou durante o curso de
Metodologia do Ensino Superior.
No entanto, a finalidade deste artigo não é de simplesmente se envolver
com as questões conceituais que permeiam o universo dessas terminologias,
mas promover um ambiente reflexiológico, onde se possa ter a noção de que
os conceitos levam à sistematização e esta possui seus aspectos positivos,
quando seguida dentro de procedimentos revisados constantemente durante o
processo de ensino-aprendizagem.
O que é didática?
É comentário comum entre alunos o fato de que um professor é um
ótimo conhecedor do assunto, mas falta-lhe Didática. Essa palavra, então,
passa a ter um valor mais significativo para quem está do outro lado da
docência: o próprio discente. Muitas vezes sua utilização é impregnada por
esses atores com a impressão de que os alunos conhecem muito mais sobre
sua definição do que o próprio professor.
Em se tratando das raízes do termo, Didática corresponde a uma
expressão grega (Τεχνή – ou Techné didaktiké) que, traduzindo-se para a
linguagem vernacular, significa “arte ou técnica de ensinar”. Castro (2008, p.
16), reportando-se sobre a história da Didática, apregoa que a mesma – apesar
do termo ter surgido originalmente na Grécia Antiga – veio a consolidar-se
como campo de investigação científica a partir da tentativa de atribuir à
Didática uma aglutinação de conhecimentos pedagógicos, devendo-se sua
configuração atual a dois estudiosos: Ratíquio e Comênio, que praticamente
atribuiram à didática a identificação com “a arte de ensinar tudo a todos”.
Ao que parece, a excessiva preocupação com seus aspectos conceituais
tem desviado, ao sabor dos tempos, uma interpretação mais voltada para a
concepção do que representa a Didática no campo educacional. Santos (2003,
p. 138) é quem dá respaldo a essa argumentação, ao colocar que que a
Didática passou de “[...] apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas”
para um atual
[...] modo crítico de desenvolver uma prática educativa,
forjadora de um projeto histórico, que não se fará tãosomente
pelo educador, mas pelo educador,
conjuntamente, com o educando e outros membros dos
diversos setores da sociedade.
Ainda na opinião desse autor, a partir desse enfoque a Didática começa
a ser vista não como simplesmente um conjunto de técnicas e saberes
metodológicos que subsidiam a arte de ensinar algo a alguém, mas se reveste
de uma construção pedagógica que por vezes é confundida com a própria
ciência da Pedagogia.
Libâneo (1992. p. 25) é um dos defensores desse pensamento. Sua
principal argumentação é de que
A didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela
investiga os fundamentos, as condições e os modos de
realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter
objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de
ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses
objetivos.
Santos (2003) discute as colocações do autor acima, frisando que tal
representa um cenário deveras abrangente para se tentar explicitar o que
efetivamente seja didática. Ao se apresentar a Didática como responsável pela
investigação dos fundamentos, condições e modos de realização da instrução
e do ensino, a mesma passa a ter caráter de “ciência da educação e assume o
lugar da própria Pedagogia”.
Quando converte os objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos
educacionais, mescla-se aos propósitos da Filosofia da Educação. Quando
seleciona conteúdos e métodos, se imbrica para o universo da Metodologia.
Então, pelo que se verifica, há, mesmo contemporaneamente, uma falta de
uniformidade a respeito da intenção de se conceituar a Didática.
Portanto, o que descortina é uma atribuição conceitual se permeia em
exatidões epistemológicas. Tanto assim que a didática passa, no momento
atual, por uma junção de termos, como se verifica em Gil (1997, p. 109), ao
abordar sobre a “metodologia didática”, entendendo esta como “[...] a
sistematização e racionalização do ensino, constituída de métodos e técnicas
de ensino de que se vale o professor para efetivar a sua intervenção no
comportamento do estudante”. Essa intervenção, na ótica do autor, é que seria
a principal responsável pelo efeito da aprendizagem.
O que é metodologia didática?
Aproveitando a explicitação do autor acima, tem-se que a metodologia
“[...] é a parte da teoria do ensino que estuda os recursos mais eficientes na
direção da aprendizagem, para que os objetivos do ensino sejam alcançados”
(p. 109, grifos no original).
Diferentemente de outras áreas do saber, onde os objetivos podem ser
traduzidos em quantificação – com a aplicação de metas, por exemplo – na
educação os objetivos educacionais são abstratos, isso porque referem-se a
mudanças de comportamento que se espera de determinados indivíduos face à
ação promovida pelo agente educador (SOSSAI, 2008).
Segundo Santos (2003), não há uma nitidez perceptível entre Didática e
Metodologia Didática. Analisando-se essa observação, e comparando-se com
os milhares de enfoques expostos tanto na literatura de fonte secundária
quanto em diversos programas e ementas disciplinares disponibilizados ao
domínio público, verifica-se que é comum o emprego da expressão
“metodologia didática” para identificar os métodos e técnicas com os quais se
irão trabalhar os conteúdos em determinado curso ou disciplina.
Nesse ponto, Gil (1997, p. 109) considera que os métodos e técnicas de
ensino servem para “[...] conduzir o estudante a integrar no seu
comportamento, conhecimentos, técnicas, habilidades, hábitos e atitudes que
hão de enriquecer a sua personalidade”.
Pela ótica do autor acima, então, a metodologia didática se faz valer de
determinados métodos e técnicas que, a nosso ver, se juntam a outros
aspectos necessários para a formação do processo de ensino-aprendizagem.
Nesse ponto, pode-se retomar à discussão colocada no início dessa
fundamentação teórica. O que seria mais passível de questionamento por
alunos que consideram o professor sem didática: a Didática propriamente dita,
ou a Metodologia Didática incorporada por este para aplicação dos conteúdos?
Pode ser que aí resida a cabal diferenciação. Pelo verificado até aqui,
existe uma certa composição hierárquica que busca facilitar a compreensão
dessas terminologias. Assim, Didática assumiria o ponto-chave, de onde
derivaria a Metodologia Didática. Esta, por sua vez, se fragmentaria em
métodos e técnicas didáticos ou de ensino, e estes ainda, obedecendo à
cadeia lógica, seriam fragmentados em diversas outras delimitações, ou seja,
partiria-se do geral – a Didática - para o particular – o uso de métodos e
técnicas voltadas para o ensino.
O que são métodos e técnicas de ensino?
Não se tem a intenção, nesse artigo, de promover uma explicitação
acerca dos diversos métodos e técnicas apontados na literatura, até porque
nosso entendimento é de que essa explicação é por demais técnica para caber
numa reflexão empírica, como a que se promove nesse artigo.
Ao longo de seu processo histórico, várias alusões acerca dos
processos pedagógicos têm levado autores a desenhar métodos e técnicas
subjacentes às diversas propostas pedagógicas constituídas. Desde que se
concebia a aprendizagem como um processo passivo, onde os métodos
consistiam basicamente na memorização de regras, conceitos e fórmulas, ou
verdades que se tinham como absolutas, várias outras abordagens foram
sendo incluídas como propícias à facilitação do processo ensinoaprendizagem.
Iniciando-se esses apontamentos por Comenius, no século XVII, já
identifica-se uma preocupação com a não-utilização pura e simplesmente dos
“livros mortos”, mas do contato com a natureza das coisas. Nesse ponto, os
métodos e técnicas seriam dedicados a mostrar ao discente como as coisas se
situam em seu próprio universo.
Já no século XVIII, Rousseau contribuiu, dando destaque ao jogo, ao
trabalho manual, à experiência direta das coisas como passíveis de utilização
visando ao processo natural de desenvolvimento do ser aprendente. Nesse
aspecto, os métodos e técnicas tinham por propósitos valorizar os aspectos
biopsíquicos do aluno em desenvolvimento (FIORENTINI e AMORIM, 1995).
Pestalozzi, entre o final do século XVIII e início do século XIX,
considerava como essencial que se utilizassem métodos e técnicas que
enfatizassem a postura ativa dos alunos. Nesse aspecto, apontava como
fundamentais o canto, o desenho, a modelagem, jogos, excursões ao ar livre, a
manipulação de objetos onde as descrições antecederiam as definições, entre
outros aspectos.
Mais adiante, os autores behavioristas se voltaram para a formação do
conceito de que a aprendizagem se refere a uma mudança de comportamento.
Nesse sentido, Fiorentini e Amorim (1995) apresentam que suas principais
idéias estariam voltadas para o desenvolvimento de habilidades ou mudanças
de atitudes. Portanto, as técnicas se voltariam para estimular respostas a
fatores externos, controladas por meio de reforços.
Para não nos determos em exaustivas explanações históricas, entendese
que os clássicos acima já dão uma interpretação coerente com o propósito
dessa discussão. A pergunta que norteia, portanto, esse tópico é a seguinte:
existiria um arcabouço de técnicas e métodos de ensino adequados a uma
metodologia didática que se pudesse considerar como uniforme dentro do
ensino superior?
Começamos nossa explanação pelo argumento de que, para que haja
uma aplicação de métodos e técnicas adequadas ao ensino, é preciso que haja
um lócus de aplicação. Nesse âmbito, entende-se que a sala de aula – que
atualmente pode ser concebida como qualquer ambiente propício a prática de
ensino-aprendizagem, tais como: bibliotecas, laboratórios, oficinas, fóruns de
discussão interativos, entre outros) – na da mais é do que um simples espaço
físico que acomoda determinado conjunto de professores e alunos.
Para fugir dessa típica caracterização, nosso entendimento é de que o
primeiro método a ser aplicado é o de “construção da sala de aula”, obviamente
que no sentido de sua organização para o desenvolvimento intelectual. Para o
cumprimento dos objetivos didáticos, é necessário que essa sala seja
construída a partir da necessidade de coexistência de dois grupos distintos: o
de ensino e o de aprendizagem. O primeiro, constituído pelos professores; o
segundo, pelo corpo discente.
Essa construção perpassa pelo estabelecimento de regras consensuais
de convivência democrática, onde predominem o respeito mútuo, a
cordialidade, o companheirismo e, acima de tudo, o arbítrio. O método de
construção da sala representa também o respeito à pontualidade, o
cumprimento de prazos e estrita observância aos deveres, e isso serve para os
dois grupos em questão.
Estabelecida a construção desse espaço, através do método de
construção da “a verdadeira sala de aula”, pode-se passar à utilização de
técnicas que visem à mudança de comportamento, já que, como visto em Gil
(1997) essa é uma tônica indispensável para orientação da aprendizagem.
Via de regra, esses comportamentos se associam a uma grande
incidência de senso comum, em que predominam opiniões pessoais,
julgamentos difusos e acríticos, impregnados de subjetivismo. Os métodos e
técnicas didáticos servem, então, para reordenar a passagem do senso comum
para a construção do pensamento científico. A metodologia, nesse sentido, é
corretiva, com o intuito de promover a objetividade e aguçar o espírito crítico.
Outro emprego dos métodos e técnicas didáticos se direcionam para a
transformação do aluno em estudante, fomentando neste um razoável grau de
autonomia acadêmico-intelectual, livrando este da situação de dependência
básica quanto à necessidade de aplicação de conteúdos.
Da mesma forma que o professor se utiliza de recursos que compõem o
escopo dos métodos e técnicas de ensino, o aluno também se utiliza de
recursos para sua aprendizagem. Nesse sentido, os métodos e técnicas
utilizados pelo professor devem direcionar-se para formar nesse aluno uma
capacidade de empreender sua própria trajetória em sua formação, mediante a
utilização racional desses recursos.
Finalizando, considero que um dos maiores artifícios para a promoção
de um ensino-aprendizagem com confiança e alocação sistêmica dos métodos
e técnicas perpassa pela execução de um inventário de desempenho escolar e
a capacidade do professor em interferir pedagogicamente para um processo de
melhoria contínua desse desempenho.
Nesse sentido, a observação do que ocorre em sala de aula antecede
toda e qualquer utilização de metodologia didática, sendo esta, na verdade, a
metodologia primeira. Somente a partir da observação que se pode ter
condições concretas para orientar e acompanhar o que se desenvolve em sala
de aula. Essa observação se materializa com seus complementos, que são o
acompanhamento, orientação e avaliação, ciclos pedagógicos que considero
essenciais para um “quefazer” à altura de um profissional que se propõe a
executar uma Didática pautada por uma planejamento com objetivos
educacionais definidos, mas que encontra-se sempre atento a possíveis
desvios de percurso que possam interferir em sua execução.
Conclusão
Este artigo não teve a pretensão de discutir epistemologicamente, nem
tampouco aprofundar-se em meros processos conceituais, sobre a Didática, a
Metodologia Didática, Métodos e Técnicas de Ensino.
Ao contrário, o conteúdo aqui incluído partiu das inquietações de seu
autor, em relação à constatação de que existe um processo sistematicamente
definido na literatura sobre o que sejam essas temáticas. Parece óbvio que,
para qualquer atividade humana, a sistematização indica um caminho coerente
a ser seguido para o atingimento de objetivos previamente estabelecidos.
Contudo, em se tratando de educação, a sistematização excessiva pode
levar ao escape das percepções, aquelas menos detectáveis, inseridas apenas
no universo particular dos alunos. Ninguém se propõe a atuar como agente
educador, se o seu objetivo final não for coroar de sucesso sua intervenção de
modo maciço, ou seja, uma sala de aula tem que atingir níveis no mínimo
correlatos de ensino-aprendizagem.
No entanto, sabe-se que o público-alvo, em quaisquer circunstâncias,
sempre é heterogêneo, seja em relação à faixa etária, a aspectos sócioculturais,
motivacionais, entre outros. Isso requer do professor, antes de optar
por esta ou aquela Metodologia Didática e, por conseguinte, por este ou aquele
método ou técnica de ensino, saber lidar com essas diferenças.
Para tanto, considero que a maturidade e domínio do conteúdo se fazem
necessários, na medida em que se pode mostrar aos sujeitos aprendentes que
o mundo exigirá deles uma gama de conhecimentos que ainda não dominam,
demandando um árduo trabalho de preparação para assumir um
posicionamento marcadamente pessoal e profissional em sua trajetória.
Porém, isso não quer dizer que o professor, por força de seu nível de
conhecimentos, exteriorize esse grau de maturidade, de tal forma que promova
um distanciamento intangível entre os atores do processo de aprendizagem.
Conduzir a exposição de um conteúdo estritamente dedicado a aspectos
técnicos pode gerar admiração, mas pode transparecer uma verticalização
entre os protagonistas, além de causar efeito contrário, uma vez que pode
suscitar o esvaziamento de expectativas de crescimento dos aprendentes em
detrimento da banalização do conhecimento e valores culturais.
Portanto, a Didática – aquela que os alunos costumam cobrar de seus
professores – e que muitos professores entendem pura e simplesmente como
sistematização, precisa se adequar às condições e estruturas individuais que
se percebem em sala de aula. Nem tanto procedural, nem tanto “largada”. Uma
análise sobre o comportamento dos alunos – aquele que se quer mudar em
função da Metodologia Didática – pode propiciar uma visão mais otimista sobre
o que o professor irá encontrar e o que pode utilizar para alcançar seus
objetivos educacionais.
Referências
CASTRO, A. D. A trajetória histórica da Didática. Apostila do Curso de
Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas-
UNICAMP, 2008.
FIORENTINI, L. M. R.; AMORIM, J. G. Metodologia do Ensino da Álgebra.
Brasília: FECEAD/UnB, 1995.
GIL, A. C. Metodologia do Ensino Superior. 3 ed, São Paulo: Atlas, 1997.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1992.
SOSSAI, J. A. Objetivos educacionais: objetivos operacionais e eficiência da
aprendizagem. 2008. Disponível em: <http://www.portalensinando.com.br>
Acesso em: 28 nov. 2009.
Leia mais em: http://www.webartigos.com/articles/31702/1/O-PROCEDER-EMSALA-
DE-AULA-DIDATICA-METODOLOGIA-DIDATICA-METODO-OUTECN
ICA-DE-ENSINO/pagina1.html#ixzz1SBqBPYB2

ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES


ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Natália Martins Dias
Psicóloga, Mestre e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento,
Universidade Presbiteriana Mackenzie - Bolsista FAPESP
Amanda Menezes
Psicóloga, Mestre em Avaliação Psicológica e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Distúrbios do Desenvolvimento, Universidade Presbiteriana Mackenzie – Bolsista Mérito
MackPesquisa
Alessandra Gotuzo Seabra
Doutora e Pós-Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo
Docente do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, Universidade
Presbiteriana Mackenzie - Bolsista de Produtividade do CNPq
Resumo
Funções executivas constituem um conjunto de processos cognitivos que
permitem a regulação da cognição e do comportamento, possibilitando o
engajamento do indivíduo em ações complexas. Essas habilidades estão
comprometidas em uma diversidade de condições clínicas e este artigo teórico
teve como objetivo oferecer uma revisão não-sistemática de alguns quadros nos
quais estas habilidades apresentam-se prejudicadas, sobretudo em crianças e
adolescentes. Verificou-se que condições como transtorno do déficit de atenção
e hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome de Tourette,
transtornos globais do desenvolvimento, transtornos de aprendizagem como a
dislexia e a discalculia, além de alterações cromossômicas, como a síndrome de
Down e de Prader-Willi, cursam com algum grau de comprometimento do
funcionamento executivo. Este conhecimento tem implicações à prática e à
pesquisa psicológica e pode ser útil a profissionais que atuam com crianças e
adolescentes com alguma destas condições, contribuindo a um maior
conhecimento acerca das funções executivas e suas alterações.
Palavras-chave: funcionamento executivo, neuropsicologia, desenvolvimento.
EXECUTIVE FUNCTIONS DAMAGE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS
Abstract
Executive functions are a set of cognitive skills that allows the cognition and the
behavior regulation, enabling an individual to take part in complex actions.
Those abilities are committed in a diversity of clinical conditions and this
theoretical article aimed offer an unsystematic revision of some conditions in
which these abilities are injured, especially in children and adolescents. It was
verified that conditions as Attention Deficit Hyperactivity Disorder, Obsessive-
Compulsive Disorder, Tourette Syndrome, Pervasive Developmental Disorders,
Learning Disabilities, like as Dyslexia and Dyscalulia, beyond cromossomic
alterations, as Down’s and Prader-Willi Syndromes, follow with some degree of
executive functioning compromise. This knowledge has implications to the
psychological practice and research, and can be useful to professionals who act
with children and adolescents with some of these conditions, contributing to a
greater knowledge about executive functions and its damages.
Keywords: executive functioning, neuropsychology, development.
Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes
Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010 81
ALTERACIONES DE LAS FUNCIONES EJECUTIVAS EN NIÑOS Y
ADOLESCENTES
Resumen
Las funciones ejecutivas son un conjunto de procesos cognitivos que permiten la
regulación de la cognición y del comportamiento, lo que permite al individuo a realizar
acciones complejas. Estas habilidades están comprometidas en una variedad de
condiciones clínicas y este artículo teórico tiene como objetivo ofrecer una revisión no
sistemática de algunas condiciones que tienen estas habilidades perjudicadas,
especialmente en niños y adolescentes. Se constató que los problemas como el
trastorno por déficit de atención e hiperactividad, el trastorno obsesivo-compulsivo,
síndrome de Tourette, trastornos generalizados del desarrollo, trastornos del
aprendizaje como la dislexia y discalculia, y alteraciones cromosómicas como síndrome
de Down y síndrome de Prader-Willi, se producen con algún grado de daño en el
funcionamiento ejecutivo. Este conocimiento tiene implicaciones para la práctica y la
investigación psicológica, y puede ser útil a los profesionales que trabajan con niños y
adolescentes con alguna de estas condiciones, contribuyendo a un mayor conocimiento
de las funciones ejecutivas y sus alteraciones.
Palavras clave: funcionamiento ejecutivo, neuropsicología, desenvolvimiento.
INTRODUÇÃO
As funções executivas são um conjunto de habilidades cognitivas que
permitem ao sujeito engajar-se em comportamentos orientados a objetivos,
realizando ações voluntárias, independentes, auto-organizadas e direcionadas a
metas. Estas habilidades são especialmente importantes diante de situações
novas ou em circunstâncias que exigem ajustamento, adaptação ou flexibilidade
do comportamento para as demandas do ambiente (Elliott, 2003; Gazzaniga,
Ivry & Mangun, 2006; Huizinga, Dolan & Molen, 2006). Segundo Lezak,
Howieson e Loring (2004), tais funções são fundamentais ao direcionamento e
regulação de várias habilidades intelectuais, emocionais e sociais.
Estas habilidades de alta ordem estão diretamente relacionadas ao córtex
pré-frontal (Gazzaniga et al, 2006). Tal estrutura, aquisição filogênica dos
mamíferos, encontra-se mais desenvolvida na espécie humana do que em
qualquer outra (Estévez-González, García-Sánchez & Barraquer-Bordas, 2000;
Gil, 2002). Goldberg (2002) enfatiza que nenhuma outra perda cognitiva pode
ser tão comprometedora para o comportamento humano quanto a das funções
executivas. Segundo o autor, déficits executivos podem estar relacionados a
diferentes condições, como alguns transtornos psiquiátricos, demências, lesões
traumáticas, entre outros.
Atualmente, há na literatura relativo consenso de que estas habilidades
constituem um construto multidimensional. Ou seja, os processos componentes
Dias, Menezes & Seabra
82 Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010
das funções executivas caracterizam operações distintas, ainda que relacionadas
(Miyake, Friedman, Emerson, Witzki & Howerter, 2000). Essa visão multifacetada
é corroborada por pesquisas realizadas com baterias de avaliação
neuropsicológica e técnicas de neuroimagem, as quais têm sugerido evidências
da existência de diferentes aspectos relacionados ao córtex pré-frontal e às
funções executivas (Dias, 2009; Elliot, 2003; Huizinga et al, 2006; Menezes,
2008; Miyake et al, 2000). Araújo (2004) relata, por exemplo, que lesões em
diferentes partes dos lobos frontais produzem síndromes clinicamente
diferentes, o que corrobora a idéia de diversidade funcional e complexidade da
região.
Corroborando tal visão, considera-se que as funções executivas envolvam
diferentes processamentos cognitivos, como a atenção seletiva, integração e
manipulação das informações relevantes na memória de trabalho, controle de
impulsos, planejamento, intenção, efetivação das ações, flexibilidade cognitiva e
comportamental, e monitoramento das atitudes (Duncan, Johnson, Swales &
Frees, 1997; Fuster, 1997; Gazzaniga et al, 2006; Lezak et al, 2004; Pliszka,
2004; Sternberg, 2008). De forma conjunta, esses processos cognitivos
agrupados sob o termo ‘funções executivas’ permitem a um indivíduo iniciar,
planejar, seqüenciar e monitorar seus comportamentos e cognições (Gazzaniga
et al, 2006; Pliszka, 2004).
Este artigo teórico tem como objetivo oferecer uma revisão nãosistemática,
ilustrando alguns quadros nos quais há relatos na literatura de
comprometimentos nas funções executivas. Este conhecimento é útil a
profissionais que atuam, sobretudo nos contextos clínico e escolar, com crianças
e adolescentes.
As funções executivas e suas alterações
O comprometimento das habilidades executivas, caracterizando a chamada
síndrome disexecutiva, pode compreender alterações cognitivo-comportamentais
diversas, associadas ao prejuízo de seus processos componentes, tais como
dificuldades na seleção de informação, distratibilidade, dificuldades na tomada de
decisão, problemas de organização, comportamento perseverante ou
estereotipado, dificuldade no estabelecimento de novos repertórios
comportamentais, dificuldades de abstração e de antecipação das conseqüências
de seu comportamento, impondo uma série de problemas à vida diária (MuñozAlterações
das funções executivas em crianças e adolescentes
Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010 83
Céspedes & Tirapu-Ustárroz, 2004; Strauss, Sherman & Spreen, 2006). A essas
dificuldades, Lent (2001) acrescenta o imediatismo comportamental e o prejuízo
no ajuste social do comportamento, e Saboya, Franco e Mattos (2002) destacam
os prejuízos em habilidades de planejamento, memória evocativa e mesmo em
linguagem expressiva. Em suma, alterações estruturais ou funcionais dos lobos
pré-frontais ou de seus circuitos podem ocasionar diversos transtornos
comportamentais desadaptativos (García-Molina, 2008).
Em situações de testagem, indivíduos com disfunções executivas tendem a
apresentar pobre iniciação, problemas de planejamento e organização da tarefa,
dificuldades na inibição e na mudança de respostas, na geração e implementação
de estratégias, assim como pobre memória de trabalho e ocorrência freqüente de
erros perseverativos. Mais especificamente, pacientes com lesão pré-frontal
apresentam prejuízo em uma variedade de medidas, como no Teste de
Classificação de Cartas de Wisconsin, Teste de Stroop e testes de fluência
(Strauss et al, 2006).
Todos esses apontamentos são bem exemplificados no estudo de Rojas,
Tapia, Yañez e De La Cruz (2008). Os autores avaliaram um menino de oito anos
com agenesia da região pré-frontal do lobo frontal. Para além de prejuízos em
testes formais do funcionamento executivo, os autores descreveram a presença
de problemas comportamentais, como a dificuldade de julgar ações, a
impossibilidade de internalizar regras sociais e ausência de limites, além de
problemas motivacionais para encerrar atividades iniciadas, mesmo aquelas de
cunho recreativo.
De fato, alterações no controle executivo já têm sido relatadas em uma
diversidade de casos, especificamente em crianças e adolescentes, como nos
transtornos de comportamento disruptivo, tal como o Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade - TDAH (Alfano, 2005; Assef, 2005; Coutinho et al,
2007; Nigg, 2001; Wolfe, 2004); transtornos invasivos ou globais do
desenvolvimento, a exemplo daqueles compreendidos no espectro autista (Landa
& Goldberg, 2005; Orsati, Schwartzman, Brunoni, Mecca & Macedo, 2008;
Steele, Minshew, Luna & Sweeney, 2007); transtornos de aprendizagem, como a
dislexia (Beneventi, Tønnessen, Ersland & Hugdahl, 2010; Reiter, Tucha & Lange,
2005; Salgado, Lima & Ciasca, 2008) e a discalculia (Argollo, 2008; Balbi, 2008;
McLean & Hitch, 1999); quadros neurológicos, como a epilepsia (Levav, 2008); e
também naqueles caracterizados por alterações cromossômicas, como a
Dias, Menezes & Seabra
84 Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010
Síndrome de Down (Lanfranchi, Jerman, Dal Pont, Alberti & Vianello, 2010) e a
Síndrome de Prader-Willi (Jauregi et al, 2007). Para além de quadros clínicos
bem definidos, relações também tem sido estabelecidas entre as habilidades
executivas e o desempenho escolar (Capovilla & Dias, 2008; Gathercole,
Alloway, Willis & Adams, 2006).
E não somente nos quadros supracitados as alterações executivas se
fazem presentes. Em uma revisão acerca dos transtornos do funcionamento
executivo, Papazian e colaboradores (2006) concluíram que alterações em tais
funções foram relatadas também em crianças com quadros diversos, como
traumatismo cerebral fechado, Síndrome de Tourette e Transtorno Obsessivo-
Compulsivo (TOC). Mahone e Silverman (2008) apontam que a disfunção
executiva é frequentemente mais severa na presença da tríade de comorbidades
entre TDAH, Síndrome de Tourette e TOC. Além, em estudos longitudinais de
seguimento, tem sido também relatados prejuízos executivos, sobretudo déficits
de flexibilidade cognitiva e planejamento, em crianças prematuras de baixo peso
ao nascimento (Cuevas & Waisburg, 2008).
Apesar dos diversos quadros nos quais alterações do funcionamento
executivo foram relatadas, grande número de evidências está disponível
discorrendo sobre a disfunção executiva no TDAH. Em artigo de revisão, Rebollo
e Montiel (2006) consideram e resgatam a proposta de Barkley (1997), aludindo
que o TDAH reflete uma alteração no funcionamento executivo, mais
especificamente, um prejuízo na habilidade de inibir o comportamento, o que
teria conseqüências diretas sobre o auto-controle do indivíduo. Nigg (2001)
também partiu desta premissa e focou uma série de estudos que avaliaram o
controle inibitório em crianças e adolescentes com TDAH, considerando somente
o tipo combinado, com o objetivo principal de verificar evidências de um déficit
primário na habilidade de inibição subjacente ao transtorno. De modo geral, o
autor concluiu que a aceitação de um déficit no controle inibitório como central
ou causal ao TDAH carece ainda de comprovação, apesar de sua freqüente
associação com o transtorno. Alguns dados interessantes do estudo mostraram
que indivíduos com TDAH tipo combinado apresentam um déficit pronunciado em
tarefas de inibição motora, enquanto alguns dados apontam para déficits menos
expressivos no controle de interferência e resultados ainda inconclusivos com
relação às tarefas de inibição cognitiva. O autor levantou a hipótese de que
talvez os déficits executivos no TDAH tipo desatento estariam mais relacionados
Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes
Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010 85
a dificuldades de inibição cognitiva do que à supressão de uma resposta motora,
por exemplo. Estudos futuros devem endereçar esta questão.
As conclusões da revisão de Mahone e Silverman (2008) dão algum
suporte às de Nigg (2001). Estes pesquisadores verificaram que a maturação do
córtex pré-frontal de crianças com TDAH é atrasada de dois a cinco anos em
relação a controles, porém a maturação das áreas motoras primárias destas
crianças é adiantada. Ou seja, estes achados sugerem um desenvolvimento
neurológico atípico que conduziria a uma excessiva atividade motora destas
crianças e uma falha em inibir tais comportamentos inadequados pelo córtex
pré-frontal, ainda imaturo. Também prejuízos atencionais foram relatados em
uma amostra não clínica de crianças e adolescentes com sintomas de TDAH
(Coutinho et al, 2007).
Como se pode observar, déficits no funcionamento executivo estão
frequentemente associados ao diagnóstico de TDAH e podem conduzir a
comprometimentos em diversas atividades cotidianas; em crianças, sobretudo na
escola. Por exemplo, prejuízos na memória de trabalho muito frequentemente
podem incorrer em dificuldades na compreensão de leitura, mesmo na presença
de boas habilidades de reconhecimento de palavras (Mahone & Silverman,
2008). De fato, postergar tarefas e/ou não finalizá-las, dificuldade em focalizar e
sustentar a atenção, dificuldade em organização e hierarquização, deficiência em
memória de trabalho e prospectiva, o que pode ocasionar o esquecimento de
datas e compromissos, são alterações executivas frequentemente relatadas em
associação com o transtorno e que levam a significativo impacto no desempenho
funcional do indivíduo (Saboya, Saraiva, Palmini, Lima & Coutinho, 2007).
Perante estas dificuldades, para estes autores o TDAH deve ser compreendido
como uma síndrome disexecutiva.
Algumas evidências de alterações executivas em crianças com Distúrbio
Específico de Linguagem (DEL) também foram encontradas, sugerindo prejuízos
em habilidades de atenção, memória, inibição e memória de trabalho associadas
ao diagnóstico (Im-Bolter, Johnson & Pascual-Leone, 2006). Outras investigações
também têm sugerido comprometimento destas habilidades nos quadros de
transtorno de aprendizagem, especificamente, a dislexia (Beneventi et al, 2010;
Reiter et al, 2005; Salgado et al, 2008) e a discalculia (Argollo, 2008; Balbi,
2008; McLean & Hitch, 1999).
Dias, Menezes & Seabra
86 Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010
Por exemplo, Reiter e colaboradores (2005) investigaram diversos
aspectos das funções executivas em crianças com diagnóstico de dislexia. Seus
dados mostraram que as crianças com o transtorno de leitura apresentavam
desempenho inferior ao do grupo controle em tarefas de memória de trabalho,
fluência verbal e de figuras, e controle inibitório, quando avaliado por tarefas
complexas. Já a avaliação da resolução de problemas mostrou-se parcialmente
comprometida, enquanto a habilidade de formação de conceitos não apresentou
comprometimento. Beneventi e colaboradores (2010), por sua vez, buscaram
averiguar a relação entre a dislexia e uma das habilidades executivas, a memória
de trabalho. Os dados permitiram identificar que o grupo com dislexia
apresentou, em relação ao grupo controle, reduzida ativação nos córtices préfrontal
e parietal, além do cerebelo. Seus resultados também indicaram que os
disléxicos apresentavam comprometimento na memória de trabalho. No âmbito
nacional, também Salgado e colaboradores (2008) encontraram evidências de
prejuízo em algumas habilidades executivas em crianças com dislexia.
Porém, conforme apontam Dias, Trevisan, Menezes, Godoy e Seabra (no
prelo), não é claro qual papel estes comprometimentos executivos podem ter na
manifestação dos principais sintomas da dislexia. As autoras ainda hipotetizam
que seria plausível que as alterações executivas, como por exemplo o
comprometimento na memória de trabalho, prejudicassem a compreensão de
leitura, tendo menor efeito, se algum, sobre os processos de decodificação.
Algumas evidências nesta direção são oferecidas pelo estudo de Cutting,
Materek, Cole, Levine e Mahone (2009). Os autores investigaram os processos
neuropsicológicos associados a diferentes tipos de dificuldades de leitura, ou
seja, dificuldades na leitura de palavras isoladas e déficit na compreensão de
leitura. Apesar de crianças com ambas as dificuldades apresentarem prejuízo em
fluência de leitura e habilidades de linguagem oral em relação aos controles, as
crianças e adolescentes com déficits específicos de compreensão mostraram,
tanto em relação aos controles quanto aos pares com dificuldades na leitura de
palavras isoladas, prejuízo em funções executivas, especificamente na habilidade
de planejamento e organização.
Evidências apontam ainda para um comprometimento das habilidades
executivas na discalculia ou Transtorno da Matemática (conforme APA, 2002).
Por exemplo, McLean e Hitch (1999) verificaram prejuízo executivo e, de modo
mais específico, no subsistema visoespacial da memória de trabalho em crianças
Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes
Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010 87
com o transtorno. Também Balbi (2008), a partir de dois relatos de caso com
crianças de sete e oito anos com o mesmo diagnóstico, relatou alterações na
memória de trabalho associados ao quadro, bem como prejuízos no desempenho
atencional. No âmbito nacional, Argollo (2008) realizou estudo com a bateria
Nepsy II e observou que, apesar de habilidades de linguagem, função sensóriomotora
e de percepção social preservadas, crianças com discalculia
apresentaram prejuízo no processamento visuoespacial, memória visual e em
atenção e funções executivas, quando comparadas a controles sem o transtorno
de aprendizagem.
Também nos transtornos globais ou invasivos do desenvolvimento (TGD
conforme OMS, 1993; TID conforme APA, 2002) há relatos de alterações no
funcionamento executivo. Estudos tem provido tais evidências utilizando distintas
formas de mensuração. Por exemplo, Orsati e colaboradores (2008) utilizaram
técnica de rastreamento de movimento ocular para avaliar habilidades executivas
com recurso às tarefas de Sacada preditiva e Anti-sacada. Verificaram que os
participantes com TGD apresentaram maior dificuldade em ambas as tarefas, ou
seja, prejuízo na regulação da atenção e na preparação da resposta (sacada
preditiva), tanto quanto em inibir e controlar movimentos reflexos e respostas
preponderantes (anti-sacada) em relação aos controles. Ambas as medidas se
mostraram positiva e moderadamente relacionadas com a idade, ou seja, com o
aumento da idade há uma melhora na regulação da atenção e preparação para
resposta requerida, tanto quanto na inibição da resposta preponderante. Os
autores postularam que as diferenças na execução e inibição dos movimentos
oculares na população com TGD poderiam estar relacionadas à forma como estes
indivíduos extraem informação do meio e esta, por sua vez, pode ter
repercussões em como o indivíduo opera sobre este meio. Esta suposição faz
perceber a importância das habilidades executivas no TGD.
Este estudo corrobora outros, conduzidos com amostras mais específicas.
Em 2005, Landa e Goldberg encontraram evidência de prejuízo em memória de
trabalho espacial e planejamento em 19 crianças e adolescentes autistas de alto
funcionamento. Os autores observaram nos participantes autistas erros por
perseveração e pobres estratégias empregadas para a resolução das tarefas;
além, encontraram correlação positiva e significativa entre a medida de memória
de trabalho e uma de funcionamento social, conforme mensurado por protocolo
de observação (Landa & Goldberg, 2005). Também Steele e colaboradores
Dias, Menezes & Seabra
88 Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010
(2007) encontraram prejuízo de memória de trabalho em 29 adolescentes e
adultos autistas de alto funcionamento em relação a controles de
desenvolvimento típico, pareados em idade e QI. Tal dificuldade se tornava mais
evidente progressivamente com o aumento da demanda da tarefa.
De modo geral, os resultados de pesquisas tem sido consistentes em
apontar prejuízo no funcionamento executivo em indivíduos com TGD. Tal fato
levou à suposição de que um déficit em tais funções poderia ser primário ao
distúrbio, conforme apontam Yerys, Hepburn, Pennington e Rogers (2007). Foi
com o objetivo de verificar esta hipótese que estes autores delinearam seu
estudo. Mais especificamente, eles objetivaram verificar se os déficits executivos
estariam já presentes em crianças autistas antes dos três anos de idade e
determinar se tais déficits seriam secundários ao transtorno ou se deveriam ser
referidos como fatores de risco cognitivo para o distúrbio. Foram tomadas
medidas de memória de trabalho, inibição e flexibilidade, porém verificou-se que
as crianças autistas até três anos de idade não demonstraram déficits em
comparação aos seus controles, tanto os pareados por idade mental quanto
cronológica. O desempenho similar em idades precoces seria consistente com um
déficit secundário das funções executivas no autismo e é condizente com
pesquisas realizadas com pré-escolares; porém não com outras, conduzidas com
adultos e crianças em idade escolar. Os autores concluem que o prejuízo
executivo parece não ser primário ou causal ao autismo e que tais déficits
aumentam com a progressão da idade nesta população (Yerys et al, 2007).
Porém, apesar de não comentado pelos autores, é possível que estes resultados
tenham sido encontrados em função de dificuldades inerentes à avaliação de
crianças nesta faixa etária, entre elas, cabe citar a possibilidade de uso de testes
pouco sensíveis e psicometricamente inadequados à avaliação de amostras tão
jovens.
Alterações nas funções executivas foram também descritas na Síndrome
de Prader-Willi (Jauregi et al, 2007) e na Síndrome de Down (Lanfranchi et al,
2010; Rowe et al, 2006). Na primeira, os autores tinham como objetivo
identificar os processos prejudicados, o que poderia auxiliar na compreensão dos
mecanismos subjacentes ao déficit de cognição social e desordem de
comportamento social frequentemente associados à síndrome. Encontraram que
seus participantes com Prader-Willi, entre adolescentes e adultos, demonstraram
déficit atencional e em habilidades executivas, com dificuldades de organização e
Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes
Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010 89
planejamento. Os autores argúem que alguns resultados podem ser específicos
da síndrome de Prader-Willi, mas podem também refletir a deficiência intelectual.
Porém, seus achados também sustentaram que um melhor desenvolvimento
cognitivo não caracteriza fator de proteção contra os déficits neuropsicológicos
evidenciados. Ressaltam a importância das funções executivas no
comportamento e funcionamento adaptativo, de modo que a avaliação e o
delineamento do perfil cognitivo de cada síndrome são relevantes e podem
ampliar o conhecimento atual de cada quadro, possibilitando seu melhor manejo
(Jauregi et al, 2007).
Já o estudo de Rowe e colaboradores (2006) examinou aspectos do
funcionamento executivo em indivíduos com Síndrome de Down em comparação
a controles com diagnóstico de Transtorno de aprendizagem e, apesar de seu
estudo ter sido conduzido com adultos, prove informação útil ao entendimento
das alterações executivas associadas a esta condição. Os grupos foram pareados
em função de uma medida de vocabulário. Verificou-se que, mesmo em
comparação com um grupo controle que também apresentava
comprometimentos, a defasagem no funcionamento executivo dos participantes
sindrômicos foi evidente, sobretudo em medidas de flexibilidade e atenção
sustentada. Os autores concluíram que o déficit nas funções executivas é uma
característica da Síndrome de Down, possível conseqüência de um prejuízo no
desenvolvimento do córtex pré-frontal, porém não discutiram se estas diferenças
podem ser devidas à deficiência intelectual, e outros estudos devem investigar
de modo mais controlado tal questão. A avaliação neuropsicológica e, sobretudo,
das funções executivas e funções de memória é de extrema importância na
Síndrome de Down, haja a alta incidência de demências em idade precoce nesta
população.
Um estudo recente corroborou estes achados em uma amostra de
adolescentes com a síndrome (Lanfranchi et al, 2010). Os autores aplicaram a
seus participantes, adolescentes com Síndrome de Down e crianças de
desenvolvimento típico pareadas por idade mental, uma vasta bateria de
avaliação neuropsicológica. Os resultados evidenciaram comprometimento
executivo nos adolescentes sindrômicos, com prejuízos, sobretudo, nas tarefas
de flexibilidade, planejamento e resolução de problemas, memória de trabalho e
inibição.
Dias, Menezes & Seabra
90 Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve o objetivo de apresentar algumas condições nas quais as
distintas habilidades envolvidas nas funções executivas encontram-se
comprometidas. Não caracteriza uma revisão sistemática e tampouco pretende
esgotar o tema. Mas sumaria um razoável corpo de estudos que revelaram
alterações nas funções executivas em quadros bastante diversos como TDAH ou
TOC e algumas síndromes genéticas.
Compreender estas alterações faz-se importante e tem conseqüências
diretas à prática e à pesquisa em psicologia e neuropsicologia. Dentre as
implicações práticas pode-se mencionar, como ilustração, aquelas de cunho
psicoeducacional. Por exemplo, em contexto de sala de aula, com um aluno com
diagnóstico de transtorno de aprendizagem e de posse do conhecimento de que
déficits de memória de trabalho estão associados a esse diagnóstico, um
professor poderia minimizar as demandas das tarefas propostas sobre esta
habilidade. Para isso, poderia propor tarefas mais estruturadas, oferecer
instruções breves e objetivas, retomar com maior freqüência os objetivos da
tarefa, sendo auxiliado neste processo pelo psicólogo escolar. No âmbito clínico,
seria pertinente a atuação para estimular o desenvolvimento destas habilidades
ou suplantar seu comprometimento com suportes externos.
As possíveis implicações à pesquisa, por sua vez, remetem essa discussão a
dois pontos principais. Primeiramente, é fundamental dispor de instrumentos
psicometricamente adequados à avaliação das habilidades executivas em
crianças e adolescentes e, outro ponto de destaque, é igualmente importante
mapear as tendências desenvolvimentais de cada uma destas habilidades ao
longo de uma ampla faixa etária, pois, somente conhecendo o desenvolvimento
normal destas habilidades será possível compreender mais profundamente as
alterações e desvios em relação a este. Tais estudos ainda são escassos no
Brasil, mas algumas investigações já tem se direcionado a estas questões, a
exemplo das contribuições de Argollo e colaboradores (2009), Dias (2009),
Menezes (2008) e Natale, Teodoro, Barreto e Haase (2008).
Por fim, espera-se que este artigo possa ser uma ferramenta informativa
ao alcance de clínicos e educadores, assim como de outros profissionais que
atuam com crianças e adolescentes que apresentem os diversos quadros
sumariados. Desta forma, poderá ser útil a um maior conhecimento acerca das
funções executivas e de suas alterações.
Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes
Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010 91
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Recebido em: 12/02/2010
Revisado em: 04/04/2010
Aceito em: 15/06/2010